Ao ler um texto de Suzana Cavani, na Revista de História da Biblioteca Nacional, imediatamente relacionei com as eleições em minha cidade, impressiona como ainda não mudamos nada da época do império até agora. As eleições no Império eram períodos de grande desordem, que muitas vezes terminavam em pancadaria e morte. Eram um acontecimento muito especial. Nesses dias sempre solenes, marcados por muita liturgia cívia, o mais modesto cidadão vestia sua melhor roupa, ou menos surrada, e exibia até sapatos, peças do vestuário tão valorizadas entre aqueles que pouco tinham. Em contraste com essa maioria de gente nada refinada no trajar, destacava-se uma minoria sempre vestida com pompa. Esse desfile de contrastes mostrava que as eleições representavam um momento de afirmação de hierarquias e distinções socias. Estou falando de uma época em torno de 1870. As disputas eleitorais eram frequentemente acompanhadas de episódios de muita violência, por incrível que pareça, bancados pelos próprios candidatos e partidos eleitorais. 2007 a história se repete numa cidade chamada Santa Fé, dois grupos políticos que tentam afirmar sua hierarquia, candidatos que alimentam esse desejo e uma população que já deveria pensar em se preparar para um voto mais responsável e não se prender a um direcionamento hierárquico inconsequente, onde o trabalhador continua pagando pela conta desses privilegiados e recebendo em troca a indiferença de seus governantes. Novas eleições estão por vir, prestem muita atenção e de uma vez por todas entendam que o voto está longe de ser um direito do cidadão. O voto é um dever em memória daqueles que foram torturados, exilados e mortos lutando por um país democrático, lutando para que o cidadão pudesse se manifestar com liberdade e que, esse voto, tem que ser muito bem pensado antes de ser destinado a um candidato.
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